segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ESPIONAGEM NA REDE DE OLIVIER ASSAYAS

Acabei de assistir ao longa-metragem "Espionagem na Rede" (2002) de Olivier Assayas...
Câmera incrível, fantástica, genial... O roteiro defino-o como incrivelmente punk... E adorei a interpretação de Connie Nielsen (mulher belíssima...).
Bom filme que nos faz pensar até onde iremos? Até que ponto chegaremos como "seres online pervertidos/corrompidos"?
E agora José?
E agora José? ...  




Espionagem na Rede

17/08/2005 | Categoria: Críticas
Olivier Assayas mistura sexo, violência e tecnologia em thriller de ficção científica meio confuso
Por: Rodrigo Carreiro

Pós-moderno. Não existe palavra mais adequada para descrever “Espionagem na Rede” (Demonlover, França, 2002), o polêmico cyber-thriller do francês Olivier Assayas. O filme é uma verdadeira salada de linguagens audiovisuais – clipes, Playstation, anime japonês, vídeo digital – que lembra bastante o trabalho de David Cronenberg, por causa da temática envolvendo sexo, violência, tecnologia e um fascínio evidente pelo corpo humano. Aliás, há quem compare o filme a “Videodrome”, embora o longa-metragem esteja mais para uma distorção bizarra de “Morte ao Vivo”, de Alejandro Amenábar, narrada em ritmo… bem, em ritmo pós-moderno. OK, não dá mesmo para fugir dessa palavra.
Mas em quê exatamente, você pode perguntar, o filme de Assayas é pós-moderno? Em muitos detalhes. A colagem de diferentes formatos de imagem é uma característica de autores que trabalham sob esse rótulo. Os múltiplos dialetos (há diálogos em francês, inglês e japonês) é outra. A estética nervosa, de câmera na mão, com cortes rápidos, é mais uma. Por fim, a temática, que gira em torno da questão da tecnologia (Internet, pornografia virtual, multinacionais com atuação em diversos países e muitos ramos de comércio).
Algumas pessoas acreditam que a trama de “Espionagem na Rede” se passa em um futuro próximo. Não existe nenhuma indicação disso no filme, e a cenografia (os automóveis, a decoração dos apartamentos, os modelos de TV e computadores) pertence ao presente. Não há nada de errado com isso, mas esses detalhes acabam expondo um problema: o enredo do filme supõe que a pornografia na Internet é um negócio tão rentável que justifica espionagem industrial e comitivas cruzando o planeta na primeira classe de voos internacionais. Quem trabalha com Internet sabe que não é bem assim.
O enredo é bem complicado de entender. A protagonista se chama Diane (Connie Nielsen) e trabalha numa empresa de tecnologia. Na primeira cena do filme, ela aparece armando uma tramoia para tomar o lugar de sua supervisora. Consegue, mas em seguida começa a perceber que o ambiente na diretoria é mais frio, competitivo e vilanesco do que podia imaginar. Isso significa espionagem, traições e desconfiança de todos contra todos. O clima piora quando, no meio de uma negociação milionária com uma empresa japonesa produtora de animes pornográficos, uma firma norteamericana concorrente aparece, personificada pela figura de Elaine (Gina Gershon). O enredo tem várias camadas de significado, mas é bem confuso.
“Espionagem na Rede” põe os livros de um Frederick Forsyth ou de um Robert Ludlum dentro do século XXI. E a narrativa de Olivier Assayas, aparentemente, também pertence ao mesmo período, pois é bem complexa. A sensação de incompletude acompanha o espectador até os últimos minutos de projeção. Você assiste a tudo sempre achando que falta saber algo para compreender a história, e essa sensação não para nunca. De certa forma, lembra um pouco o sensacional “Cidade dos Sonhos”, de David Lynch, outro autor com quem Assayas é comparado. Mas o francês não é tão etéreo, e sua trama não tem elementos surreais ou oníricos, como na obra de Lynch.
O elenco é um caso à parte. Duas atrizes que estão se especializando em trabalhos alternativos marcam presença: Gina Gershon e Chlöe Sevigny. A última tem um desempenho acima da média, e protagoniza uma pequena tomada, jogando Playstation nua na cama de um hotel, capaz de atiçar muito marmanjo por aí. Mas o destaque maior vai para a dinamarquesa Connie Nielsen, não apenas pelo francês perfeito, mas sobretudo pela performance gélida e sensual, exatamente da maneira que a personagem pede.
A pergunta que fica, após a sessão de “Espionagem na Rede” é que tipo de público pode se interessar em ver um filme tão hermético. A temática sugere uma platéia de pós-adolescentes, garotões viciados em sexo e violência (elementos presentes em doses generosas). Mas essa turma geralmente tem dificuldade em acompanhar tramas complexas e vai odiar o final aberto. Talvez seja para afastar esse pessoal que o diretor “censurou” (com aqueles borrões que distorcem e tiram o foco da imagem) as cenas de anime pornográfico. Cinéfilos e interessados nos temas, porém, podem encontrar material instigante para reflexão aqui.
Abraço cinéfilo a todos,
Marcos.

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