quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

AOS DOMINGOS...


Aos domingos...
Domingos a las cinco de la tarde ...
... momentos de lágrimas eram ...
... lágrimas de dois lados: de meu lado; do lado dele ...
... Como eu o amava ...
... ele fazia todos meus mimos ...
... eu o ajudava a plantar em sua horta: cenouras!!!
... ele até havia construído um laguinho a mim ...
... pegávamos pombos juntos para comê-los assados ...
... doente ficou ...
... dele, afastaram-me ...
... Aos domingos ainda chovara quando regressava a minha casa.
... Durante a semana não conseguia assistir ao desenho do Pinóquio porque sempre me recordava dele ...
... quantas saudades sinto dele ...

A meu avó Julio Duarte.

Abraço afetivo a todos,
Marcos Êçá.


MARION COTILLARD+DIOR

... adoro o trabalho de Marion Cottilard ...


... a Dior, para mim, é  uma marca como qualquer outra ...


... devido a meu interesse pelo trabalho de Marion Cottilard ...


... postarei o documentário sobre "Lady Dior", a bolsa fetiche da Dior desde 2008 ...


 http://www.dior.com/couture/minisite/webdocumentaire-lady-dior/index.php?country=pt_BR


Abraço francesim a todos,
Marcos Êçá.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

REVISTA DISCURSO Nº 36


A revista "Discurso" 36 traz o dossiê Filosofia e Psicanálise. Nele, filósofos e psicanalistas discutem as complexas relações entre os dois campos do conhecimento, abordando a obra de autores como Freud, Lacan, Deleuze, entre outros. Em "Monique David-Ménard: Deleuze ou Freud/Lacan?", Bento Prado Júnior procura entender as razões filosóficas que levaram Deleuze a se distanciar da psicanálise. Em "Uma libra de carne: a leitura lacaniana d’O visível e o invisível", Charles Shepherdson reconstrói o lugar e os usos que Lacan faz da obra de Merleau-Ponty. Um texto de Roberto Schwarz homenageia Bento Prado Jr. http://www.alamedaeditorial.com.br/revista-discurso-n%C2%BA-36/

Abraço intelectual, rs, a todos,
Marcos Êçá. 

DESASSOREAMENTO


... DESASSOREAMENTO ...

MALHAS IDENTITÁRIAS ...
MALHAS SUBJETIVAS ...
PESSOAS ...
SERES HUMANOS ...
HOMENS ...
MULHERES ...
GAYS ...
LÉSBICAS ...
CRIANÇAS ...
não me interessa o sexo, a condição social, a cor, a raça, o credo ...
É NECESSÁRIO, FUNDAMENTAL, FULCRAL:
O DESASSOREAMENTO INTERNO ...
O DESASSOREAMENTO SUBJETIVO ...
O DESASSOREAMENTO IDENTITÁRIO ...
menos herméticos O seremos ...
menos hermetismos haverá ...
menos intolerância predominará ...
menos meu UMBIGO será ...
mais respeito HAVERÁ ...
mais O OUTRO se verá ...
mais O OUTRO se notará ...
mais O OUTRO se enxergará ...
mais O OUTRO se escutará ...
mais O OUTRO ...
O OUTRO ...
OUTRO ...

Abraço profanático a todos,
Marcos Êçá.

NUNO CAMARNEIRO+COMO NASCE UM ESCRITOR


"Quem é muito feliz não precisa escrever porque está ocupado em viver, mas há sempre uma angústia, uma melancolia, na maioria dos escritores que os empurra para a escrita. É um pouco quase como fazer psicanálise: uma maneira de explorar aquilo o que nos incomoda para podermos continuar a viver mesmo com isso. É melhor do que ir para uma escola e matar crianças.".

"A meio da vida Jorge deixa uma lista de coisas que hão de ser escritas. (...) Nem mil Jorges poderiam alguma vez preencher o que falta. O mundo é uma vazio desmedido que não queremos e não podemos aceitar, os homens também, as cidades, os países (...). Não há palavras que encham tanto vazio. Os livros que deixamos são obras de filigrana, fios ténues de sentido que delimitamos o volume do que não entendemos."

Em: O Estado de São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2012, ANO XXVII - Nº 8962, p. D1.

Abraço autoral a todos,
Marcos Êçá.

FLORIÊNSKI E A VOLTA DE UM ENSAIO FUNDADOR


FLORIÊNSKI E A VOLTA DE UM ENSAIO FUNDADOR

Texto fundamental do historiador russo, que influenciou gerações, ganha nova tradução


ANTONIO GONÇALVES FILHO - O Estado de S.Paulo
A ressonância da filosofia estética do historiador de arte, teólogo, padre ortodoxo, físico, matemático e geólogo russo Pável Aleksándrovitch Floriênski (1882-1937) pode ser medida pelos filmes de Tarkovski e Sokurov, dois cineastas que recorreram a teorias de A Perspectiva Inversa para construir, respectivamente, obras-primas como Andrei Rublev e Fausto. Lançamento que passou praticamente ignorado, o livro, publicado pela Editora 34 com excelente tradução de Neide Jallageas e Anastassia Bytsenko, é um desses estudos incontornáveis para quem se interessa por arte, por ser um ensaio fundador na obra de Floriênski. Ao historiador deve-se a preservação de obras históricas guardadas em mosteiros russos durante a Revolução, ameaçadas por ataques dos bolcheviques, dispostos a eliminar ícones cristãos.
Floriênski, que produziu um importante ensaio sobre a questão espacial na pintura, Ikonostás (Iconótase), em 1918, escreveria um ano depois A Perspectiva Inversa, ensaio que não viu publicado em vida. Considerado uma ameaça ao poder soviético, a despeito dos serviços prestados à memória cultural de seu país, Floriênski, acusado de ser um contrarrevolucionário monárquico, foi condenado, em 1933, a dez anos de trabalhos forçados e deportado para a Sibéria. Quatro anos depois, seria fuzilado por "agitação contra o Estado" e publicação de material contra o regime soviético, segundo a lei stalinista. A Perspectiva Inversa só viria a ser publicado em 1967, depois que o Tribunal de Moscou retirou as acusações que pesavam sobre ele.
Amigos de intelectuais e artistas, Floriênski pertenceu à Academia Russa de Ciências Artísticas, criada por Kandinski (1886-1944) em Moscou. Era admirado por Górki (1868-1936) e Bulgákov (1891-1940), dois escritores que ficaram impressionados por sua análise da perspectiva inversa em A Divina Comédia de Dante, publicada no livro Mnímosti v Gueomiétrii (Dos Imaginários da Geometria).Toda a vanguarda soviética, de Ródtchenko (1891-1956) a Maiakóvski (1893-1930), debatia as ideias de Floriênski. Justificável: a perspectiva inversa, usada na arte bizantina e nos ícones ortodoxos russos, seria mais tarde ressuscitada pelos cubistas.
Os procedimentos artísticos de Picasso não eram ignorados pelo historiador, que defendeu ser a perspectiva monofocal herdada do Renascimento - vale dizer, a perspectiva linear - uma "expressão simbólica artificialmente construída", contrapondo-a à perspectiva inversa. Progressista - ele foi um dos responsáveis pela eletrificação da Rússia no período Lênin -, Floriênski não desmerece a perspectiva renascentista para impor a perspectiva inversa dos antigos pintores de ícones russos, como Andrei Rublev, que, aliás, teria conhecido em Veneza os procedimentos dos pintores italianos. Ele diz apenas que Rublev e seus colegas usavam a perspectiva inversa em busca de uma resposta espiritual. A tradutora Neide Jallageas, a esse respeito, diz que o cinema de Tarkovski é devedor da tradição da pintura de ícones russa.
De fato, não só em Tarkovski como no cinema de Sokurov é possível identificar a singularidade das construções dos pintores de ícones, opostas às regras da perspectiva linear. As distorções angulares de Sokurov em Fausto, por exemplo, excluem as regras dessa perspectiva, submetendo edifícios e personagens à inversão, para que corpos e construções possam se amalgamar, sucumbindo ao policentrismo das imagens - os olhos do espectador vagam sem descanso para captar todo o ambiente. Se a perspectiva expressa a natureza das coisas, como defende Floriênski, então talvez seja necessário esse policentrismo (como na arte egípcia) para tornar visível aquilo que é invisível, segundo a lógica de Rublev, Tarkovski e Sokurov.
O senso comum costuma rejeitar não só a perspectiva do dois cineastas como suas construções espaciais, como se eles estivessem apenas em busca de um cinema de efeitos ao "distorcer" o mundo "real". Se inexiste uma relação entre a altura das figuras e dos edifícios na pintura dos mestres medievais (e nos filmes de Tarkovski e Sokurov), isso não se deve à ingênua visão desses pintores. Tampouco a despreocupação com as proporções entre os pintores bizantinos deve ser vista como ignorância da perspectiva linear, defende Floriênski. Onde outros historiadores enxergam decadência - como a arte da Idade Média -, ele vê uma ruptura com o ilusionismo. A modernidade que nasce do Renascimento, ao contrário, substitui a criação de símbolos pela construção de simulacros.
Floriênski analisa particularmente a pintura de Giotto e o uso que faz do trompe l'oeil, resolvendo "os mais ousados problemas de perspectiva" e brincando com ela- em particular com linhas paralelas que desafiam as leis e convergem em direção a um ponto único no horizonte. O "pai da paisagem moderna", como o chama Floriênski, teria usado as ilusões ópticas da perspectiva de uma forma teatral, repetindo o que fez o inventor da perspectiva (segundo Vitrúvio), o grego Anaxágoras, que criava cenários para as tragédias de Ésquilo em Atenas.
Também Leonardo Da Vinci, em A Última Ceia, teria feito uma realização cênica da história cristã, mas diferente de Giotto, que pintou São Francisco, mas debochava da pobreza. Segundo Floriênski, o que está no afresco do refeitório da Igreja Santa Maria delle Grazie, em Milão, pode ser teatral, "mas não é um espaço singular que possa ser comparado ao nosso". Em outras palavras: o que vemos ali não é real. Na cena, segundo ele, reinam as leis do espaço kantiano e da mecânica newtoniana, mas o afresco de Da Vinci viola a unidade perspéctica em nome da "persuasão estética". Não chegou ao radicalismo da perspectiva inversa, pois certamente não acreditava, como um homem do Renascimento, que ela pudesse levar o espectador a uma fuga do cotidiano para contemplar o mundo espiritual, a exemplo da crença da Rublev numa arte de caráter transcendental. Michelangelo faria uso da perspectiva inversa no Juízo Final, subvertendo a organização espacial dos visitantes da Capela Sistina. Florienski explicaria o afresco de forma sintética: quando mais distante parece ser o espaço espiritual, tanto mais ele parece próximo. A magnitude das figuras de Michelangelo cresce à medida que elas se distanciam dos olhos do espectador e se tornam maiores. Assim é a perspectiva inversa.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,florienski--e-a-volta-de-um-ensaio--fundador--,978983,0.htm acesso em 02/01/2013.
Abraço perspectivamente inverso,
Marcos Êçá.


O que sobrou da sala de aula

Reflexão para um tempo de altas apostas na educação: a praga do economismo não distingue uma escola de uma fábrica de pregos


José de Souza Martins* - O Estado de S. Paulo
Já foi o tempo em que a educação fazia parte do cardápio de otimismos que se costuma apresentar nas passagens de ano. No último meio século, a educação pública e gratuita, que garantira a formação de grandes nomes e grandes competências nas várias profissões, que assegurara o grande salto da sociedade escravista à sociedade moderna, foi progressivamente diminuída e até injustamente satanizada em nome de interesses que não são os do bem comum. O estado de anomia em que se encontra a educação brasileira pede, sem dúvida, a reflexão crítica dos especialistas, mas uma crítica que a situe na trama própria de tendências problemáticas da modernidade sem rumo para que seja compreendida e superada.
A educação brasileira foi atacada por três pragas que subverteram a precedência do propriamente educativo na função da escola e do processo educacional: o economismo, o corporativismo e o populismo. O economismo na educação não distingue entre uma escola e uma fábrica de pregos. A pedagogia do economismo confunde aluno com produto e trata a educação e o educador na perspectiva da produtividade, da coisa sem vida, da linha de produção. Importam as quantidades da relação custo-benefício. Não importa se da escola não sai a pessoa propriamente formada, transformada. Importam os números, os índices, os cifrões. Presenciei os efeitos dessa mentalidade na apresentação de um grupo de militantes da causa das cotas raciais perante o conselho universitário de uma das três universidades públicas de São Paulo, de que sou membro. Aliás, nenhum deles propriamente negro: "Não queremos vagas em qualquer curso; queremos em engenharia e medicina, cursos que dão dinheiro", frisaram.
Quer o governo que os royalties do pré-sal sejam destinados à educação e nem temos certeza de que isso acontecerá. Os políticos têm outras prioridades, especialmente a das urnas. Já estamos gastando o dinheiro que ainda não saiu do fundo do mar. Mas não sabemos em que esse dinheiro fará o milagre de transformar, expandir e melhorar a educação brasileira e de elevar substancialmente o nível da formação cultural das novas gerações. Dinheiro não educa. Quem educa, ainda hoje, é o educador. É inútil ter máquinas, computadores, tecnologia, maravilhas eletrônicas na sala de aula se, por trás de tudo isso, não houver um educador. Se não houver aquele ser humano especializado que faz a ligação dinâmica entre as possibilidades biográficas do educando e os valores e requisitos de um projeto de nação, a nossa comunidade de destino. Se não houver, sobretudo, a interação viva entre quem educa e quem é educado, se não houver a recíproca construção de quem ensina e de quem aprende. Se não houver a poesia deste verso de Vinicius de Moraes: "E um fato novo se viu que a todos admirava: o que o operário dizia, outro operário escutava".
O corporativismo transformou o professor de educador em militante de causa própria porque a serviço da particularidade da classe social e não a serviço da universalidade do homem. Não há dúvida de que o salário que valorize devidamente o educador e a educação é uma das premissas da revolução educacional de que carecemos. Do povoado do sertão ao câmpus universitário da metrópole, o educador tem carências que não são as carências do Fome Zero. Educação não é farinha de mandioca. "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê", dizia Monteiro Lobato, em relação a um item da cesta básica do educador. Fome de educador não é fome de demagogo nem pode ser. Privá-lo dos meios para se educar, reeducar e poder educar é desnutri-lo.
A partidarização de todos os âmbitos da sociedade brasileira, até da religião, levou para dentro da educação os pressupostos da luta de classes. O militante destruiu o educador, drenou da educação a seiva vital que lhe é necessária para ser instrumento de socialização, de renovação e de criação social. A educação só o é na perspectiva dos valores da universalidade do homem, como instrumento de humanização e não como instrumento de segregação e de polarização ideológica, instrumento do que separa e não instrumento do que junta. Na escola, a ideologia desconstrói a escola em nome do que a escola não é.
O populismo, por sua vez, transformou a educação em meio de barganha política, instrumento de dominação, falsificação de direitos em nome de privilégios. O direito que nega a universalidade do homem nega-se como direito. Pela orientação populista, o importante não é que saiam da escola alunos bem formados, capazes de superações, gente a serviço do País. Nas limitações desse horizonte, o importante é que da escola saiam votos, obediências, o ser carneiril das sujeições, e não o cidadão das decisões.
A escola vem sendo derrotada todos os dias, do jardim da infância à universidade, pela educação difusa e extraescolar dos poderosos meios de produção e difusão do conhecimento que já não estão nas mãos do educador. A escola é cada vez mais resíduo de poderes e vontades que estão longe da sala de aula.
* JOSÉ DE SOUZA MARTINS É SOCIÓLOGO, PROFESSOR EMÉRITO DA USP, AUTOR DE A POLÍTICA DO BRASIL: LÚMPEN E MÍSTICO (CONTEXTO) 
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-que-sobrou-da-sala-de-aula,978961,0.htm acesso em 02/01/2013.
Abraço esperançoso (apesar de tudo) a todos,
Marcos Êçá.